A AP2H2- Associação Portuguesa para a Promoção do Hidrogénio, face à emergência de uma crise energética sem precedentes que põe em causa os modelos económicos dominantes, alerta para a urgência de se estudar e implementar um novo quadro de referência energético, que elimine a actual dependência dos hidrocarbonetos.
É política e socialmente relevante que o processo de mudança inevitável, ocorra sem rupturas, de forma planeada, e antecipando os riscos de conflitualidade social que podem ocorrer em situações de crise e de reajustamentos estruturais profundos, como será certamente neste caso. As actuais tensões sociais são já indícios a ponderar; podem agravar-se, se não houver capacidade para antecipar as respostas.
Promovido pelo Ministério da Economia e da Inovação, realizou-se, faz agora um ano, a conferência do Prof. Jeremy Rifkin. Face à inevitabilidade do esgotamento do modelo actual, o Prof. Rifkin fez a apologia do Hidrogénio como um vector energético estruturante, que viabiliza um novo modelo baseado no aproveitamento optimizado de todos os recursos renováveis.
É uma visão partilhada pela AP2H2, que a subscreve inteiramente.
Este modelo que se alimenta das energias renováveis como fonte primária, e utiliza o Hidrogénio como vector regulador da sua intermitência, e como combustível para a mobilidade, é viável, cumpre as exigências da sustentabilidade e permite satisfazer as necessidades energéticas mundiais, num quadro de autonomia e de independência energética.
A presente crise energética era previsível. A única surpresa decorre da antecipação com que está a ocorrer, e dos sinais de aceleração, para os quais não nos temos preparado.
Face à ameaça, há que ter respostas eficientes (pelo menos eficazes), nos diferentes âmbitos: nacional, da UE e do mercado global. Isto quer dizer que será necessário criar as condições e apoiar as iniciativas que permitam ultrapassar as barreiras que se põem à economia do hidrogénio, viabilizando o novo paradigma energético, e pilotando o processo de adaptação de forma a minimizar os custos sociais que necessariamente vão emergir.
Está na hora de o Hidrogénio entrar nas agendas políticas nacionais e da UE, com a prioridade que a gravidade da situação justifica.
Salientamos, no contexto nacional, que nos últimos anos se têm vindo a realizar múltiplas iniciativas e projectos, da responsabilidade de vários agentes do SCTN (Sistema Científico e Tecnológico Nacional) e do tecido económico. Destes investimentos resultaram uma capacidade que envolve meios humanos especializados já com massa crítica. Isto é, uma competência tecnológica disponível que pode permitir ao País enfrentar este desafio com ambição, participando no estudo das soluções, em articulação com as iniciativas comunitárias em preparação.
É ciente da gravidade do desafio, mas também confiante nos meios e competências de que o País já dispõe, que a AP2H2 manifestou junto do Ministério da Economia e Inovação a sua disponibilidade para colaborar na elaboração de um Plano de Acção para a Economia do Hidrogénio, que urge preparar e implementar.
A nossa expectativa é que o investimento nacional, devidamente programado, na economia do Hidrogénio, será gerador de múltiplos benefícios, pois sendo uma tecnologia que nos é acessível pode constituir um novo pólo de especialização da economia Portuguesa no mercado global, com alto valor acrescentado e criador de emprego qualificado, cumulativamente a satisfazer a procura energética, num quadro de autonomia, facto que importa valorizar devidamente em todo o seu significado e impacte.
A Direcção da AP2H2
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