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terça-feira, 21 de outubro de 2008

Iremos continuar distraídos em Portugal?

Entre 13 e 15 de Outubro cerca de 600 Stakeholders da Fuel Cells and Hydrogen Joint Technology Initiative reuniram-se, sob o patrocínio da Comunidade. em “Assembleia Geral “ em Bruxelas, formalizando a constituição da iniciativa.

Highlights a registar:

  • A Comunidade Europeia assume que em 2020 o H2 já terá um contributo valioso para o basket energético. Será um novo vector energético visível nos vários mercados alvo, desde os transportes às aplicações portáteis, passando pela microgeração ou pela produção para a rede. 2020 é o ano de referência de maturidade das tecnologias, com uma infra-estrutura logística de produção e distribuição de H2 com cobertura adequada às necessidades dos vários mercados. A mensagem é de esperança pois está ao nosso alcance controlar as ameaças à sustentabilidade ambiental e os recursos energéticos estarão disponíveis para satisfazer as necessidades do crescimento e do bem estar.

  • Na mesma orientação foram as intervenções dos representantes dos Estados Unidos e do Japão. Considerando a contribuição da indústria pode estimar-se em cerca de 1 bilião de € o investimento anual que a Europa, os EU e o Japão estão a realizar visando o desenvolvimento das tecnologias do H2 e das Pilhas de Combustível para a mobilidade, para a cogeração, para a produção para a rede ou mais simplesmente para aplicações portáteis, de back-up ou em UPS.

  • No quadro da UE a Alemanha, a Dinamarca e a Grã-Bretanha deram testemunho de programas nacionais consistentes, focalizados na criação da Economia do Hidrogénio, e na valorização das oportunidades que ela representa para novas actividades de alto valor acrescentado. Outros Países/ Regiões poderiam ter apresentado planos similares.

  • No exemplo Dinamarquês salienta-se o objectivo anunciado de em 2020 toda a produção de energia eléctrica ser de origem renovável. Consistentemente desenvolve-se uma base industrial de suporte compreendendo a electrólise para produção de H2 e a fabricação de Pilhas de Combustível, desde PEM (baixa e alta temperatura) às pilhas SOFC.

  • Os vários construtores automóveis apresentam os seus modelos e soluções, multiplicando-se já nos EUA e na UE as estações de serviço em que se pode abastecer a viatura com H2. Em 2010 as primeiras pré-series começarão a circular. 2020 é a meta para o início da produção em massa. A Alemanha anuncia que num prazo breve será já possível fazer Berlim - Munique num autocarro a Pilhas de Combustível a Hidrogénio.

  • Por sua vez a Rolls Royce anuncia para 2010 uma pré-serie de demonstração das suas centrais SOFC de 1 MW, com um rendimento de produção de energia eléctrica superior a 60%. Seguir-se-á a comercialização, com um preço alvo de 2500,00€/kW, para um tempo de vida de cerca de 40,000 horas, o que as torna uma solução já competitiva com as actuais centrais de cogeração.

  • Os Países nórdicos estão organizados para criarem uma rede comum de pipelines para distribuição de H2.

  • O Banco Europeu de Investimentos anunciou a sua disponibilidade para financiar os projectos de infra-estrutura associados à logística de H2.

  • Várias regiões europeias, desenvolvem os seus programas específicos. Muitas delas estão integradas numa plataforma comum – HyRaMP- European Regions and Municipalities on Hydrogen and Fuel Cells.

  • O Industrial Group – New Energy World compreende actualmente 66 empresas de 16 países Europeus ou membros associados. Marcaram presença na reunião as grandes empresas mundiais com interesses na Europa, abrangendo petrolíferas (BP, Shell, Total,...), construtores automóveis (Daimler, Fiat, Toyota, Volkswagen, BMW, Volvo...), empresas de gases industriais (Air Liquide, Air Products, Linde...), produtores de electricidade, grupos industriais de vários sectores e interesses (Siemens, GDF, BASF, SOLVAY, Saint Gobain, Ajusa, Boeing, Rolls Royce…).

E Portugal? É a altura de abrir o dossier do H2, reflectir sobre os desafios e oportunidades que pode representar e tomar-se a decisão de o colocar definitivamente nas várias Agendas. Ou iremos manter-nos expectantes, permitindo que cépticos e críticos continuem a manter num registo académico a reflexão sobre o H2 como vector energético?

O tema é importante. Tornar-se-á no curto prazo urgente. O Hidrogénio não é, nem pretende ser a única opção. Até pode vir a demonstrar-se não ter sido a melhor opção. Mas desta reunião pode concluir-se que será incontornável enquanto um dos principais vectores energéticos das próximas décadas. As decisões já estão tomadas, independentemente dos nossos juízos.

Iremos continuar distraídos, orgulhosamente sós nas nossas certezas, na prática esperando pelas soluções que outros entretanto estão a desenvolver, e perdendo as oportunidades que esta revolução energética está a criar?

José Campos Rodrigues, presidente da AP2H2, o único português presente no evento, além da representante nacional

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