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terça-feira, 13 de julho de 2010

AP2H2 aponta limitações da Estratégia Nacional para a Energia - ENE 2020


1. Enquadramento geral
O documento da Estratégia Nacional para a Energia 2020 é um documento que se considera marcar uma nova fase da política energética nacional, determinada pela:
· Imperiosidade da sustentabilidade ambiental
· Redução da dependência dos combustíveis fósseis
· Maximização do aproveitamento dos recursos endógenos
· Redução dos impactes dos custos da energia nas balanças comercial e de pagamentos
O documento pretende ainda fazer a ponte entre a política energética e a política económica, atribuindo ao sector de energia a potencialidade de se constituir como um novo cluster de especialização competitiva da economia nacional no mercado global.
São objectivos meritórios que têm a total concordância da AP2H2, no sentido de se criar um novo paradigma energético sustentável fortemente apoiado nas energias renováveis.
Este modelo, tal como apresentado tem, no entanto, dois condicionantes que podem limitar, ou mesmo comprometer, o seu sucesso:
A intermitência e a aleatoriedade das FER que impedem a valorização maximizada do seu potencial por imperativos de gestão de rede;
As FER não respondem de forma adequada e sustentável às necessidades do sector de transportes, principal responsável pelas emissões de gases de efeito de estufa, e que continua altamente dependente de hidrocarbonetos.
A primeira condicionante obriga a soluções de armazenagem de energia que compatibilize os diagramas da oferta com os da procura de energia. A bombagem é um contributo mas como se pode concluir do documento em análise claramente insuficiente para os objectivos actuais de FER, nomeadamente de energia eólica. A segunda condicionante põe o desafio dos combustíveis renováveis. Os biocombustíveis e as baterias são contributos importantes, mas insuficientes para uma resposta adequada às necessidades do sector.
O Hidrogénio renovável (isto é obtido a partir de fontes renováveis) é a chave que vai permitir consolidar e dar estabilidade ao modelo, armazenando energia, ajustando os diagramas da oferta e da procura e constituindo o combustível alternativo para a mobilidade sustentável.
2. O Hidrogénio como Vector Energético
Não sendo uma fonte primária de energia o Hidrogénio renovável obtém-se por electrólise da água, assegurando o armazenamento da energia excedentária na rede. Essa energia assim armazenada pode depois ser reconvertida em energia eléctrica e reintroduzida na rede em momentos de escassez de oferta ou na alimentação de veículos eléctricos.
Este contributo do Hidrogénio na viabilização do novo modelo energético é hoje consensual nas políticas energéticas e económicas de todos os principais players do mercado global:
É um regulador da intermitência e da aleatoriedade das FER
É um combustível susceptível de utilização nos transportes, viabilizando planos ambiciosos de contribuição das FER sem as limitações dos biocombustíveis ou do automóvel eléctrico a baterias.
A AP2H2 manifesta a sua satisfação pelo facto da ENE2020 reconhecer esta contribuição estratégica das tecnologias do Hidrogénio para o novo paradigma energético, que molda a estratégia apresentada. Mas, face ao actual estado da arte e à competitividade já demonstrada por estas tecnologias consideramos que o plano poderia ser mais ambicioso e contemplar já a contribuição destas tecnologias no sector de transportes no horizonte temporal apresentado de 2020.
É este o caminho para que julgamos apontar os Road Map em elaboração em outros países da UE, e será interessante constatar em que medida as respectivas estratégias para 2020 prevêem a contribuição do Hidrogénio renovável.
A ENE2020 será, esperamos um exercício em permanente actualização, face à evolução e actualização dos dados. Esperamos que novas actualizações da estratégia possam já contemplar como julgamos viável e desejável esta contribuição do Hidrogénio, em sintonia com a abordagem de outros Países da União Europeia.
3. Definir o Caminho
Para que o plano se realize há que preparar os instrumentos que nos permitam cumpri-lo e planear as fases seguintes (2020 a 2050). O vector Hidrogénio, estamos seguros, será uma componente relevante do cabaz energético em implementação.
O valor acrescentado nacional nesse mercado emergente depende das decisões que hoje forem tomadas. Para que esse valor acrescentado seja relevante, enquanto parte do cluster de energia em construção, será fundamental:
O estabelecimento de um plano de IDT nestas tecnologias, com clara identificação dos nichos de especialização em que pretendemos ganhar competitividade;
O apoio a iniciativas de demonstração que permitam avaliar a fiabilidade e a competitividade destas tecnologias nos seus vários campos de aplicação
Falamos de uma estratégia que se corporize numa iniciativa mobilizadora das capacidades e de criação de novas competências pois ainda está aberta a janela de oportunidade criada por este novo vector energético.
A AP2H2 declara a sua disponibilidade para colaborar com todas as entidades responsáveis e interessadas na construção desse caminho, que consideramos ser imperativo na defesa dos interesses nacionais.

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