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quinta-feira, 13 de maio de 2010

Como chegar a um mercado energético 100% renovável*

E se, em 2050, toda a energia for de origem renovável? Este foi o exercício feito pela European Renewable Energy Council (EREC), que apresentou este mês no Parlamento Europeu o ‘paper’ “Rethinking 2050: A 100% Renewable Energy for the European Union”. A ser feito este investimento, dentro de 40 anos as emissões de gases com efeitos de estufa, como é o caso do dióxido de carbono (CO2), terá diminuído qualquer coisa como 90% face a 1990.

Nessa altura, diz também o estudo, a indústria das energias renováveis empregará na UE 2,7 milhões de pessoas em 2020 e 4,4 milhões em 2030, em comparação às 550 mil pessoas que (já) empregava em 2009. O estudo acredita também que a quota de electricidade proveniente de fontes renováveis será de 41% em 2050”. A forma como as energias renováveis irão ser distribuídas, constituirá uma oportunidade de transformar o nosso sistema económico e social num modelo mais rico e mais justo”, disse Maria da Graça Carvalho, ex-ministra portuguesa, que apresentou o estudo no Parlamento Europeu.

Christine Lins, secretária geral da EREC disse, em entrevista ao Diário Económico, que ainda hoje o sector energético europeu é como no passado: “centralizado, um sistema eléctrico nacional com tecnologias antigas e mercados energéticos pouco desenvolvidos.” E que para chegar aos objectivos de 2020 a União Europeia “tem de acelerar a sua ambição e criar um só mercado energético europeu baseado em energias renováveis”, além de que deve apostar na conectividade entre fontes energéticas e na sua eficiência.

A responsável da EREC disse ainda que há muito investimento a fazer até 2020, nomeadamente na substituição de centrais térmicas de produção de eléctrica. “Aproximadamente 330GW de nova capacidade energética tem de ser construída até 2020, o que representa 42% da capacidade europeia actual”, refere. “O novo sistema energético deverá ser suportado por um mercado interno eléctrico que funcione bem e no qual sejam os investidores, e não os consumidores, a estar expostos ao carbono e ao risco do preço do combustível.”

Entre os conselhos de novas políticas energéticas dados pela EREC, está a liberalização total do mercado e o fim dos subsídios a energias fósseis e nucleares. Mas até 2050 há muito, para não dizer imenso, por fazer. Basicamente, são necessárias, diz a EREC, quatro décadas para que se passe de um panorama em que a maioria da produção energética ainda se baseia, na sua grande maioria, nas energias não renováveis, como o petróleo ou o carvão, para um panorama de 100% de energias renováveis. Neste panorama, aliás, os painéis fotovoltaicos serão os que mais capacidade eléctrica instalada terão (962 GW), seguidos, de longe, pela energia eólica (462 GW) e ainda pelas hídricas (194 GW) - de onde se exclui a energia que estas guardarão, proveniente de fontes renováveis.

A instituição crê ainda numa redução considerável do consumo energético da população europeia até 2050. Uma redução que parece não estar a acontecer, com o consumo a subir nos três primeiros meses do ano, pelo menos em Portugal e em Espanha.

Quanto ao sector dos transportes, “não há nenhum outro com um tão elevado nível de dependência de uma só fonte de energia”, refere Christine Lins, que defende: “Uma reforma dos transportes é agora mais urgente do que nunca”. Os transportes da União Europeia dependem em 98% dos derivados do petróleo, apesar de, a nível mundial, serem os maiores produtores e consumidores de biocombustíveis (não de bioetanol, refira-se). Christine Lins defende que são precisas “medidas que incrementem a eficiência, aumentem a utilização de biocombustíveis e de biogás, assim como a aposta em novas tecnologias como os veículos eléctricos, o hidrogénio renovável e os carros híbridos” são algumas das apostas que contribuirão para o decréscimo da procura do petróleo.
Finalmente, no que respeita ao aquecimento/arrefecimento, a EREC acredita que a biomassa terá uma palavra a dizer. Para que tudo se concretize, diz Christine Lins, tem de haver “vontade política”. Isto apesar da receptividade positiva do Parlamento Europeu, nomeadamente de sectores mais conservadores como os da portuguesa Maria da Graça Carvalho, que faz parte do grupo parlamentar PPE.
Chrstine Lins conclui, dizendo que “todas as tecnologias existentes, da oceânica, eólica, painéis fotovoltaicos, energia solar concentrada, solar termal, bioenergia, geotérmica e hídrica, juntamente com as estratégias de eficiência energética, precisam de ser adoptadas massivamente”.
* in Diário Económico

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